O crime hediondo e a perplexidade geral
- Quarta, Fev 27 2008
- Published Editorial
A cada crime de comoção, crime que choca, crime que dilacera a sociedade, como foi o de Elaine Marchesan e do Toni Scalco (somado a estes, o caso de Chopinzinho, onde um elemento se achou no direito de tirar a vida de uma empregada e de uma criança), levantam-se as vozes, uníssonas, pedindo rigor contra os criminosos e exigindo alterações no nosso sistema penal, quanto à aplicação da punibilidade. Via de regra, pedem a prisão perpétua, esquecendo que vivemos sob a égide da teoria da ressocialização do infrator.
Então, se assim não o for, aplicaríamos uma outra teoria, como da simples punibilidade pelo Estado, não se interessando, portanto, da volta do infrator ao convívio da sociedade. Trancafia-se o criminoso e deixa-o distante do convívio social, sem qualquer perspectiva de regeneração – apenas aguardando o tempo passar e a notificação médica do seu óbito.
No máximo, 30 anos de cumprimento integral, não havendo possibilidade de qualquer benesse que o retiraria da prisão. Alguns ainda pedem para que, neste caso, aumentem-se para o cumprimento, como teto, 50 anos integralmente, o que equivaleria a uma sentença de prisão perpétua. Seria uma solução plausível?
O que mais nos preocupa, na verdade, é o crime organizado, via de regra levado a cabo com o requinte de crueldade. Não há como privilegiar tais infratores com a sua volta à sociedade, como um perdão generalizado da sua infame atitude. Seria uma vergonha. É nisto que reside à dúvida e a preocupação de todos: dar uma outra oportunidade ao possuidor de má índole e de características cruéis, não como doença genérica, mas como formação de personalidade.
No momento, não podemos inflamar os espíritos já sobressaltados e exigir maior rigor na punibilidade, como prisão perpétua ou até mesmo pena de morte. Podemos, sim, aumentar o nosso ânimo sem abrandar nada, em absoluto. Porém, respeitando a vida. Uma vida não deve ser paga pela outra, muito embora isto praticamente seja, hoje, uma grita geral.
O que fazer? Qual o caminho a seguir? Como arrefecer este estado de coisas perturbador da paz social? Estas são perguntas que devem possuir respostas, mas do consenso do estudo do momento, com a capacidade da justiça e da harmonia. Não podemos nos esquecer que vivemos num estado democrático, de direito, mas com as distorções gritantes de toda ordem, principalmente a social que pesa sobremaneira nisso tudo.
O que nos chama a atenção, no momento, é que 30 anos de prisão, no máximo, como reza os nossos dispositivos legais e, ainda, com algumas benesses da alteração do regime fechado para o seu abrandamento entre semi-aberto e aberto, tem causado estranheza em nosso meio. Mas isto não se sucede quando dos crimes hediondos. Convém dizer, todavia, que o mundo moderno está a exigir de todo cidadão a sua responsabilidade integral. Não o “olho por olho, dente por dente”, mas a resposta do Estado a uma ação calculada ou não, mas que tem conseqüências maléficas à sociedade.
Portanto, cremos que dos nossos doutos estudiosos (e somos vastos em idéias e sugestões) partirão medidas enérgicas, drásticas na acepção da palavra, para for fim (um basta) a insegurança geral, colocando o criminoso atrás das grades, fazendo-o, por força da lei, cumprir o longo período de prisão, em regime fechado, com trabalho (igual a todos os cidadãos comuns e respeitáveis), quando se tratar de crime hediondo e, ainda mais, com o requinte de crueldade que observamos nos dias atuais. A pena tem que ser longa, profunda, penetrante, firme e indissolúvel. E, mesmo assim, a verificação constante do grau de insanidade do delituoso. Temos que ser duro, sem perder tempo, sem dar trégua, sem recuar nunca.

Redação Jornal Novo Tempo
Redação
Mais recentes de Redação Jornal Novo Tempo
- Estado acelera processos de investigação contra assédio sexual na rede estadual de ensino
- Empresários e executivos destacam diferenciais do Paraná para atração de investimentos
- Maio Laranja reforça necessidade de atenção com casos de abuso de crianças e adolescentes
- Última parcela do IPVA 2022 para as placas de finais 3 e 4 vence nesta quarta-feira
- Cartão Comida Boa consolida atendimento a 90 mil pessoas por mês
Entre para postar comentários